Pessach
5784 / 2024
15 a 21 de Nissan / 12 a 20 Abril
Que Mitzráim, que Egito preciso deixar este ano? Que mudanças posso ver em mim e no mundo ao meu redor? Que perguntas devo fazer? Que histórias preciso contar? Que canções necessito cantar? (
Rabino Arthur Waskow)
Chag ha-Pessach a Festa de Pessach, celebra a libertação do Povo de Israel do Egito sob a liderança de Moisés e a mando de Deus, há cerca de 3.400 anos. Pessach remete à 10ª praga que, segundo a Torá, assolou o antigo Egito. O anjo da morte passou por cima (daí o termo Pessach) das casas dos hebreus – cujos batentes das portas, a mando de Deus, estavam marcados com sangue de cordeiro – e entrou nas casas egípcias.
Chag ha-Cherut
A festividade também é conhecida como Festa da Libertação. Depois de viverem e prosperarem por quase dois séculos no Egito, os hebreus foram escravizados e oprimidos por um Faraó que passou a vê-los como inimigos, o que levou também cerca de dois séculos. Em um dado momento, Moisés e seu irmão Aarão, comandados por Deus, passaram a exigir que o Faraó libertasse o Povo de Israel. Como o Faraó se recusou, Deus enviou Dez Pragas sobre o Egito. Somente na décima praga, que levou a vida de todos os primogênitos egípcios – animais, humanos e até mesmo o filho do Faraó – o Faraó permitiu a saída dos hebreus: este foi o Êxodo.
Chag ha-Matzot
Pessach também é conhecida como a Festa das Matzot. A matzá é o tema central do feriado festivo: é um pão assado, mas não fermentado, preparado pelos ex-escravizados hebreus na saída do Egito; não havia tempo para esperar o pão fermentar, pois correriam o risco de serem recapturados pelos egípcios
Chag ha-Aviv
Outro nome para o feriado é a Festa da Primavera, provavelmente remetendo a um feriado ainda mais antigo, comemorado em um contexto agrícola. No Hemisfério Norte, Pessach acontece no meio da Primavera (no Brasil, no Hemisfério Sul, acontece no Outono).
Matzá
A Torá conta que, no início do Êxodo, os israelitas assaram seus pães antes que a massa fermentasse, na pressa de deixarem para trás a terra da servidão. Este pão é a matzá, tema central do feriado festivo e consumido no lugar do pão durante todos os dias de Pessach. É permitido também consumir bolo e pizza de matzá, pão de queijo e tapioca (que não são feitos dos cereais que se tornam chamêtz).
Chamêtz
O consumo de chamêtz – alimentos fermentados (justamente o que os hebreus não tiveram como comer na saída do Egito) – está proibido durante todos os dias de Pessach, para que os judeus dos nossos dias possam vivenciar o mesmo que seus antepassados sofreram no Êxodo.
Somos ordenados a não consumir nem ter chamêtz em casa em Pessach. Antes da festividade, deve-se vender ou preferencialmente doar o chamêtz para pessoas não judias – ou consumir o que se tem até antes do feriado.
Atenção: só não se pode consumir fermentados de cinco tipos de cereais: trigo, cevada, centeio, aveia e espelta. Outros fermentados (como vinho, fermentado de uva) são permitidos.
Kitniot, comer ou não comer?
Desde a Idade Média, alguns grupos judaicos de tradição ashkenazí (vindos da Europa Oriental) proibiram o consumo de leguminosas, evitando assim o consumo de arroz, feijão, ervilha, grão-de-bico, milho, soja, etc. Esta regra não se aplica a judeus sefaradis (vindos dos países ibéricos, principalmente). Hoje em dia, em nome de KIal Israel (da Coletividade do Povo Judeu), muitos judeus ashkenazís voltaram a consumir kitniot, o que fundamentalmente não fere as regras de Pessach. Na Beth-El o rabino orienta aos seus congregantes que fiquem livres para definir se irão ou não consumir kitniot em Pessach.
Por quantos dias se comemora Pessach?
Em Israel e nas comunidades judaicas liberais/reformistas – 7 dias.
Começa na véspera do dia 15 de Nissán, noite de lua cheia, e termina no dia 21 de Nissán ao entardecer (em geral, cai no mês de abril). O primeiro e último dias são considerados Chag (feriado completo) e os cinco dias intermediários (2º ao 6º dia) são chamados de Chol haMoêd Pessach (dias comuns do feriado de Pessach).
Nas demais comunidades judaicas fora de Israel – 8 dias.
Começa na véspera do dia 15 de Nissán, noite de lua cheia, e termina no dia 22 de Nissán ao entardecer. Os dois primeiros e os dois últimos dias são Chag e os quatro dias intermediários (3º ao 6º dia) são Chol haMoêd Pessach.
Nos dias de Chag, além das regras próprias do feriado, há outras como as de Shabat, sendo a principal se abster de trabalhar. Nestes dias cumprimenta-se as pessoas dizendo “Chag Sameach”, Chag Pessach Sameach” ou “Chag Pessach Kasher veSameach”. Em Chol haMoêd é permitido trabalhar e realizar qualquer atividade de um dia comum. Cumprimenta-se as pessoas dizendo “Moadim Le-Simchá”.
Pessach na Sinagoga
Durante os serviços religiosos regulares, a oração da Amidá ganha acréscimos referentes ao feriado festivo e, em determinados momentos, lê-se o conjunto de salmos de louvor conhecido como Halêl. Também há leituras especiais de passagens dos três grandes conjuntos de livros do Tanach, a Bíblia Hebraica: leituras especiais da Torá, Haftará especial (textos escolhidos de Neviím, os Livros dos Profetas) e, da Meguilát Shir haShirim (o Cântico dos Cânticos, em Ketuvim, último conjunto de livros do Tanách).
O Sêder de Pessach
Celebrado na primeira noite (e na segunda, fora de Israel), é um serviço religioso especial que inclui um delicioso jantar, celebrado em casa com familiares e amigos/amigas, mas que também pode ser celebrado em comunidade. É comum, em muitas comunidades, realizar-se um terceiro Sêder, em geral feito no salão da sinagoga ou em outro espaço comunitário.
As pessoas presentes se sentam ao redor da mesa para lerem juntas a Hagadá de Pessach, um livro-guia muito especial com 15 passos para que os judeus possam cumprir a mitzvá do Sêder. Trata-se de uma sequência de orações, rituais, canções e leituras que incluem experimentar alimentos simbólicos, beber 4 taças de vinho (ou suco de uva) e compartilhar de um jantar muito especial.
OS 15 PASSOS DE PESSACH
Melodia: Ani Veatá, de Arik Einstein z”l
Letra: Rabino Uri Lam
Eu estava em casa, pensando num jeito de explicar
Os passos do Sêder, de um modo peculiar:
São 15 passos, que diz a Hagadá, devemos cumprir
Aqui estão eles: espero que vocês possam seguir.
1 – É o Kidush, o vinho vamos abençoar.
2 – Lavar as mãos,
3 – Karpás, fruto da estação.
4 – Quebrar a Matzá,
5 – Sobre Pessach vamos contar.
6 – Lavar as mãos,
7 – Abençoar a matzá.
8 – Comer matzá
9 – Comer maror, a erva amarga.
10 – Comer Maror com matzá, a servidão já ficou pra trás
Mas não é só isso, o que temos prá oferecer:
11 – A mesa está pronta, já é hora de comer!
12 – É a sobremesa que se chama Afikomán, é uma matzá escondida, pra criançada procurar;
13 – Agradecemos a Deus pelo jantar,
14 – Cantamos Salmos
15 – É hora de terminar.
A MESA DO SÊDER
Costuma-se preparar uma linda mesa, coberta com toalhas brancas e com flores. Sobre a mesa de coloca uma keará, travessa especial com seis divisões para alimentos simbólicos que ajudam a contar do que estamos falando quando falamos de Pêssach. São eles:
Zeroá: era sacrificado e consumido em Pêssach na época do Templo. Em hebraico, significa “braço”, conforme a passagem bíblica onde lemos: “E de lá o Eterno nosso Deus nos tirou com mão forte e braço estendido”.
Betzá: ovo cozido com casca, parcialmente queimado. Simboliza a oferenda adicional da época do Templo, bem como tristeza e luto com destruição de Jerusalém pelos romanos e a dispersão dos judeus pelo mundo. Por outro lado, significa o ciclo da vida e a possibilidade sempre presente de recomeçar.
Maror: Raiz forte ralada ou verdura amarga (alface romana, almeirão ou agrião). Simboliza a vida amarga dos hebreus escravizados no Egito.
Chazéret: segunda porção de maror.
Charósset: pasta feita de nozes e maçã ralada ou tâmaras com vinho. Simboliza a argamassa com a qual os escravos hebreus preparavam os tijolos no Egito. Por outro lado, a sua doçura lembra o sabor doce da liberdade conquistada.
Karpás: geralmente batata cozida, salsão ou rabanete cozido. Mergulha-se na água com sal e se come para lembrar das lágrimas dos hebreus em seu sofrimento no Egito.
Além da keará, coloca-se na mesa vinho e um envelope especial com três matzot (pl.: de matzá) que representam: o Povo de Israel; dentro deste, a tribo de Levi; e, dentro desta, a família sacerdotal (cohen).
CHAG PESSACH SAMEACH