Rosh Hashaná, literalmente a “cabeça do ano”, sinaliza o início do ano judaico. A partir de Rosh Hashaná, as comunidades judaicas se reúnem para juntas, vivenciarem um novo tempo de reflexão, introspecção e renovação espiritual.

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Rosh Hashaná é celebrado nos dias 1 e 2 de Tishrê, o primeiro mês do calendário hebraico, segundo a tradição rabínica.

Vale ressaltar que quase todas as datas judaicas são fixas levando-se em conta o calendário judaico, baseado nos ciclos do sol e da lua; mas variam de um ano para o outro no calendário civil, que é somente solar.​

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Durante Rosh Hashaná, os judeus participam de serviços religiosos especiais nas sinagogas, onde recitam orações, ouvem o toque do shofar (instrumento de sopro feito do chifre de carneiro e usado para toques rituais) e refletem sobre suas ações e relacionamentos no ano anterior. Na maioria das sinagogas não se toca shofar no Shabat; mas há controvérsias sobre o tema: há aquelas onde sim tocam shofar mesmo no Shabat, baseando-se em antigas tradições ou na justificativa de não privarem os membros da sua comunidade de escutarem o toque do shofar.

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São dois dias de muita reflexão e reconexão interna, com Deus e com as pessoas ao seu redor. Para a maioria, Rosh Hashaná abre dez dias de oportunidades para se buscar a reconciliação, pedir perdão aos nossos semelhantes por eventuais transgressões e perdoar aqueles e aquelas que nos buscarem para pedir perdão por algo que eventualmente tenham feito e nos machucado. Este período tem o seu ápice no Yom Kipur, o Dia da Expiação, mas popularmente conhecido como o Dia do Perdão.

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Nos lares judaicos, em Rosh Hashaná é costume preparar refeições festivas e compartilhá-las com familiares e amigos. A mesa pode ter uma bonita toalha, além de louças, talheres e taças organizadas de forma especial para a data. Também são dispostos alimentos simbólicos, cada um com seus significados especiais. Aqui estão alguns dos alimentos simbólicos mais conhecidos e seus simbolismos:

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Tapúach bidvásh, Maçã com Mel: a maçã representa a doçura e a abundância que desejamos para o novo ano. Mergulhá-la no mel simboliza a esperança de um ano doce e abençoado.

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Chalá Agulá ou Chalá Redonda: em Rosh Hashaná o pão típico de Shabat é moldado em formato redondo e costuma ser doce. A forma circular representa o ciclo da vida, o desejo de sermos resilientes com os altos e baixos que todos e todas nós vivemos, e a expectativa de um ano novo pleno de prosperidade e renovação.

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Romã: simboliza fartura e fertilidade. Suas muitas sementes, que alguns consideram somar 365, representam as mitzvot positivas: as boas ações que esperamos realizar ao longo do novo ano; e graças a estas práticas, que sejamos abençoados com um ano repleto de méritos.

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Tâmaras: as tâmaras representam a doçura da vida que almejamos para o ano que está começando.

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Cabeça de peixe: simboliza a esperança de, neste ano, estarmos no comando dos nossos destinos e não a reboque; que sigamos a tradição judaica de questionar sempre, buscando estar na vanguarda e não na retaguarda das tendências mundiais em prol de um mundo melhor.

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Na maioria dos lares, as refeições de Rosh Hashaná são feitas no estilo bassári, a base de carne – e neste caso, não há alimentos chalávi, a base de laticínios, uma vez que, de acordo com a orientação da cashrut, não se consome carne e leite na mesma refeição. Mas há casas onde também se serve uma refeição chalávi, mas neste caso – à exceção dos peixes de escama, permitidos para consumo com laticínios – não há pratos a base de carne.

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Nos últimos anos, muitos judeus e judias têm se tornado veganos e deixado de consumir carne e leite de origem animal. Estas pessoas se inspiram nos conceitos judaicos de tikun olám (aperfeiçoar o mundo) e de tikun atzmí (aperfeiçoamento pessoal).

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Como alternativa à carne ou ao leite, muitas famílias veganas preparam pratos a base de tofu, cogumelos, proteínas vegetais e legumes assados. Além disso, pratos tradicionais de Rosh Hashaná, como saladas de grão-de-bico, tzímes (guisado de legumes e frutas) e kíguel de batata (espécie de torta) são naturalmente veganos.

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Como nos cumprimentamos nesta época?

Em Rosh Hashaná nos cumprimentamos com a expressão “Shaná Tová Umetuká”, desejando “um ano bom e doce”. Nas comunidades ashkenazís é comum cumprimentar com “A Git Yuhr”, desejando “um grande ano”. Já os judeus sefaradís costumam se cumprimentar com a expressão “Tizkú Leshanim rabot uneimot”, “tenham muitos anos bons e agradáveis”. São todas maneiras de desejar um ano repleto de bênçãos, prosperidade, saúde, amor e felicidade.

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O que uma visão judaica liberal e inovadora pode somar à celebração de Rosh Hashaná?

Na Beth-El buscamos, a cada ano, aprimorar a nossa forma de rezar e celebrar Rosh Hashaná, para que o feriado festivo seja cada vez mais inclusivo e respeite a equidade entre homens e mulheres. Nossos serviços religiosos mesclam tradição e inovação, hebraico e português. Nós também priorizamos rezas mais curtas, porém que tragam mais consciência, reflexão e sentido, em vez de mais longas, as quais para muita gente se tornam incompreensíveis, repetitivas e enfadonhas, causando o efeito contrário da intenção do feriado, que é a reconexão e a ampliação da consciência judaica na busca por um mundo melhor para todos.

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Inspirados nas visões judaicas reformista e jewish renewal, também buscamos enfatizar e ressignificar a relevância de Rosh Hashaná no mundo contemporâneo, a fim de promover um engajamento espiritual significativo, uma conexão pessoal, comunitária e acessível às tradições judaicas.

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Em resumo, Rosh Hashaná é um momento sagrado de renovação e introspecção, quando homens e mulheres do povo judeu têm a oportunidade de refletir sobre suas vidas, especialmente sobre o ano que passou. São dias nos quais temos a oportunidade de expressar a sincera intenção de nos tornarmos pessoas melhores, judeus e judias mais conscientes do nosso judaísmo e do nosso papel pelo bem estar da comunidade; e consequentemente, capazes de criar relações interpessoais de melhor qualidade no ano que agora se inicia.

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O ano novo judaico é um período carregado de significados e de esperança, marcando o início de um novo ciclo de vida. Que este ano novo seja repleto de bênçãos, saúde e felicidade para você e sua família, para a comunidade judaica e para a humanidade. Que tenhamos o mérito de nos tornarmos pessoas melhores e, assim, melhorarmos o mundo em que vivemos.

SHANÁ TOVÁ UMETUKÁ, VETIZKÚ LESHANIM RABOT UNEIMOT, um feliz ano novo, que vocês mereçam ter uma vida longa e agradável.

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Rabino Uri Lam