Sefirát Haómer:
O ÓMER: CONTAGEM REGRESSIVA PARA O SINAI
5784 / 2024
26 de Yiar a 05 de Sivan / 23 de abril a 11 de Junho
Sefirát Haómer: A Contagem do Ómer
Vai da segunda noite de Pessach e até Shavuot. O ómer (literalmente “medida”) era uma primeira oferta da nova colheita de grãos (de cevada) levada ao Templo no dia 16 de Nissán (2º dia de Pessach). A Torá ordenou que fossem contadas 7 semanas a partir do momento da oferta do ómer, conforme está escrito na Torá [Lev. 23:15-21]. O ritual de contagem noturna dos dias do ómer Shavuot ficou conhecido como Sefirát Haómer.
O Significado da Contagem
A vinda do ómer era a primeira colheita da nova safra de grãos. Esta colheita continuava durante todo o período do ómer e chegava ao auge em Shavuot, com a oferta de shtei haléchem - dois pães. Na Torá, Shavuot é um festival agrícola que marca o fim da colheita iniciada em Pessach. O período do ómer marcava a preocupação com uma colheita bem-sucedida. As ofertas que começavam em Pessaḥ e terminavam em Shavuot expressavam essa esperança, bem como gratidão a Deus pela terra e sua generosidade.
À medida em que, séculos depois, Shavuot se tornava mais associada à Revelação da Torá no Monte Sinai, outras razões surgiram para ligar Pessach a Shavuot. De acordo com uma tradição, os israelitas no deserto estavam tão ansiosos para receber a Torá que contavam os dias desde o Êxodo até o Sinai. Outros veem em Shavuot o ponto culminante da experiência do Êxodo. Pois a consequência da libertação do Egito não foi simplesmente libertar um povo, mas transformá-lo em uma nação santa. A aliança entre Deus e Israel, que começou no Egito, é então claramente explicitada em todos os seus detalhes no Sinai e aceita pelos israelitas. O Sinai é a resposta para a pergunta: “Com que propósito os israelitas foram libertados do Egito?” O Sinai lhes deu metas pelas quais lutar e obrigações a cumprir. Eles foram transformados de avdê Par’ó – servos do Faraó – em avdê Hashem – servos de Deus. Portanto, Pessach sem Shavuot teria sido incompleto; e o ómer é a cadeia que conecta os dois feriados festivos.
Para os cabalistas, neste período aqueles que viveram por tanto tempo como escravos cercados pela tum’á (imoralidade) tiveram que se transformar em pessoas dignas de receber a dádiva da Torá. O ómer então se tornou um período de ascensão de cada um dos 49 níveis da impureza dos tempos da escravidão no Egito: cada dia tem uma combinação dos atributos de duas entre sete sefirot (atributos) místicas, como por exemplo chéssed (misericórdia) dentro do contexto de hod (glória).
Embora hoje não haja mais o Templo nem oferta do ómer, os rabinos decretaram que ainda devemos contar estes dias entre Pessach e Shavuot. O procedimento é o seguinte: Levantar-se e recitar a bênção:
Baruch Atá Ad!onai, Elohênu Mélech haolám, ashér kideshánu bemitzvotáv vetzivánu al sefirát haómer.
Que Você seja Abençoado, Eterno, nosso Deus, Soberano do universo, por nos santificar com Seus mandamentos e nos ordenar a contagem do ómer.
A benção é seguida pela contagem do dia e da semana, p. ex: “Hoje é o 17º dia do ómer, que equivale a duas semanas e três dias do ómer”. Essa contagem é feita à noite, que é quando começa o novo dia. Algumas pessoas recitam o Salmo 67 após a contagem, uma vez que este consiste de 7 versículos e um total de 49 palavras.
Aprendemos com Reb Zalman Schachter-Shalomi z”l: “Durante o ómer, lidamos com um movimento que parte dos 49 Portais de Impureza através dos Portões do Entendimento, no caminho para o Sinai. A cada dia examinamos as virtudes e vícios incorporados na combinação das sefirot daquele dia. Uma maneira de olhar isso é do seguinte modo:
Rabino Uri Lam
FONTES:
https://reformjudaism.org/blog/yom-yerushalayim-pour-out-few-drops-wine
https://main.knesset.gov.il/en/about/lexicon/pages/yom_zik_ethiopian.aspx
https://www.myjewishlearning.com/article/yom-yerushalayim-jerusalem-day/
Arquétipos
Virtude
Vício
Sefirot Divinas
Chéssed (graça)
Guevurá (disciplina)
Tiferét (beleza)
Netzach (vitória)
Hod
(glória)
Yessod
(fundação)
Abrahão
Amor
Luxúria
Isaac
Respeito
Medo
Jacob/Israel
Compaixão
Leniência
Moisés
Eficiência
Petulância
Aarão
Malchut
(soberania)
Sefirát Haómer: A Contagem do Ómer
Vai da segunda noite de Pessach e até Shavuot. O ómer (literalmente “medida”) era uma primeira oferta da nova colheita de grãos (de cevada) levada ao Templo no dia 16 de Nissán (2º dia de Pessach). A Torá ordenou que fossem contadas 7 semanas a partir do momento da oferta do ómer, conforme está escrito na Torá [Lev. 23:15-21]. O ritual de contagem noturna dos dias do ómer Shavuot ficou conhecido como Sefirát Haómer.
O Significado da Contagem
A vinda do ómer era a primeira colheita da nova safra de grãos. Esta colheita continuava durante todo o período do ómer e chegava ao auge em Shavuot, com a oferta de shtei haléchem - dois pães. Na Torá, Shavuot é um festival agrícola que marca o fim da colheita iniciada em Pessach. O período do ómer marcava a preocupação com uma colheita bem-sucedida. As ofertas que começavam em Pessaḥ e terminavam em Shavuot expressavam essa esperança, bem como gratidão a Deus pela terra e sua generosidade.
À medida em que, séculos depois, Shavuot se tornava mais associada à Revelação da Torá no Monte Sinai, outras razões surgiram para ligar Pessach a Shavuot. De acordo com uma tradição, os israelitas no deserto estavam tão ansiosos para receber a Torá que contavam os dias desde o Êxodo até o Sinai. Outros veem em Shavuot o ponto culminante da experiência do Êxodo. Pois a consequência da libertação do Egito não foi simplesmente libertar um povo, mas transformá-lo em uma nação santa. A aliança entre Deus e Israel, que começou no Egito, é então claramente explicitada em todos os seus detalhes no Sinai e aceita pelos israelitas. O Sinai é a resposta para a pergunta: “Com que propósito os israelitas foram libertados do Egito?” O Sinai lhes deu metas pelas quais lutar e obrigações a cumprir. Eles foram transformados de avdê Par’ó – servos do Faraó – em avdê Hashem – servos de Deus. Portanto, Pessach sem Shavuot teria sido incompleto; e o ómer é a cadeia que conecta os dois feriados festivos.
Para os cabalistas, neste período aqueles que viveram por tanto tempo como escravos cercados pela tum’á (imoralidade) tiveram que se transformar em pessoas dignas de receber a dádiva da Torá. O ómer então se tornou um período de ascensão de cada um dos 49 níveis da impureza dos tempos da escravidão no Egito: cada dia tem uma combinação dos atributos de duas entre sete sefirot (atributos) místicas, como por exemplo chéssed (misericórdia) dentro do contexto de hod (glória).
Embora hoje não haja mais o Templo nem oferta do ómer, os rabinos decretaram que ainda devemos contar estes dias entre Pessach e Shavuot. O procedimento é o seguinte: Levantar-se e recitar a bênção:
Baruch Atá Ad!onai, Elohênu Mélech haolám, ashér kideshánu bemitzvotáv vetzivánu al sefirát haómer.
Que Você seja Abençoado, Eterno, nosso Deus, Soberano do universo, por nos santificar com Seus mandamentos e nos ordenar a contagem do ómer.
A benção é seguida pela contagem do dia e da semana, p. ex: “Hoje é o 17º dia do ómer, que equivale a duas semanas e três dias do ómer”. Essa contagem é feita à noite, que é quando começa o novo dia. Algumas pessoas recitam o Salmo 67 após a contagem, uma vez que este consiste de 7 versículos e um total de 49 palavras.
Aprendemos com Reb Zalman Schachter-Shalomi z”l: “Durante o ómer, lidamos com um movimento que parte dos 49 Portais de Impureza através dos Portões do Entendimento, no caminho para o Sinai. A cada dia examinamos as virtudes e vícios incorporados na combinação das sefirot daquele dia. Uma maneira de olhar isso é do seguinte modo:
“Quando uma pessoa presta atenção ao que lhe acontece durante os dias do período da sefirá, ela logo se torna consciente de que tudo o que vê e ouve naquele dia é apenas a atividade dessa sefirá e que pode servir para alinhá-la à abençoada vontade de Deus.” (Rabi Nachman de Bretslav)
O Luto Durante o Período do Ómer
A tradição determina a observância dos costumes de luto durante parte ou em todo o período do ómer. É proibido casar, cortar o cabelo, barbear-se ou assistir a concertos durante este período. As razões para esse luto são muito obscuras. A explicação mais comum deriva de uma passagem talmúdica afirmando que milhares de discípulos de Rabi Akiva (séc. 2) morreram por uma praga porque não se tratavam com o devido respeito. Esta passagem, no entanto, não exige práticas de luto, que só passam a ser mencionadas no séc. VIII.
Para muitos, o luto termina com o dia de Lag baÓmer, o 33º dia do ómer (18 de Yiar). A explicação mais frequente do Lag baÓmer é que a praga que matou os discípulos de Rabi Akiva ou terminou ou foi suspensa neste dia. Mesmo assim, existem práticas variadas:
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Alguns observam o luto de Pessaḥ a Shavuot, com suspensão em Lag baÓmer;
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Outros observam o luto do início do ómer até antes de Lag baÓmer;
• Há ainda quem observa o luto a partir do dia 1º de Yiar (16º dia do ómer), com suspensão no dia de
Lag Baómer, e indo até Shavuot.
Todas essas variações levantam dúvidas sobre a natureza de Lag baÓmer e as práticas de luto do ómer. Quando a praga começou e quanto terminou? O que é Lag baÓmer – a celebração do fim da praga, uma suspensão temporária ou o último dia da praga?
Alguns acreditam que a história sobre os discípulos de Rabi Akiva é uma referência indireta à revolta malsucedida do líder judeu militar Bar Kochba contra os romanos. Esta revolta (132-135 ec) foi apoiada por Rabi Akiva; assim, de acordo com esses estudiosos, as práticas de luto eram para os mortos durante a revolta, incluindo talvez alguns dos discípulos de Akiva. O costume de brincar de arco-e-flecha em Lag Baómer se encaixa nessa teoria.
Segundo Reb Zalman Schachter-Shalomi z”l, “o luto deste período é necessário para nos livrarmos de velhos hábitos. Você não pode chegar ao Sinai antes de descartar as mitzraimas. No entanto, cada mitzraim (egito) foi um estágio necessário por um certo período de tempo e, portanto, devemos lamentar a ida de cada mitzráim \ hábito, a fim de sermos capazes de, finalmente, deixá-los ir embora.”
A Hilulá de Rabi Shimon bar Yochai
Menção deve ser feita à associação de Lag baÓmer com a hilulá (celebração de aniversário de falecimento) de Rav Shimon bar Yochai, no famoso local da sua sepultura em Meron, perto de Tzfat (Safêd), em Israel. Rav Shimon bar Yochai foi um dos principais discípulos de Rabi Akiva. A obra mística clássica do Zohar é atribuída a ele (embora a maioria dos estudiosos modernos acredite que o Zohar tenha de fato sido escrito na Idade Média). A celebração envolve muita festa, dança e o acendimento de fogueiras. A celebração hoje atrai milhares de pessoas. De fato, a hilulá de Bar Yochai (que viveu no séc. II) só é relacionada a Lag baÓmer pelo rabino Chaim Vital, no século XVII.
Dadas as origens obscuras e origem incerta das práticas de luto durante o ómer, judeus liberais e reformistas não costumam observá-las, embora em alguns lugares ainda se evite marcar casamentos até antes de Lag Baómer, por questão de tradição.
No meio judaico masorti / conservative, o Comitê de Lei da Assembleia Rabínica decidiu recentemente não proibir mais casamentos e não observar as práticas de luto; mas ainda mantêm as práticas de luto até o fim de semana anterior a Yom haShoá.
Outros Costumes
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Pirkê Avot – Ética dos Pais (ou Ditados Ancestrais). Depois de Pessaḥ, estuda-se um capítulo por semana, em geral nas tardes de Shabat. O sexto e último capítulo é sobre a Torá e, portanto, um prelúdio apropriado para Shavuot, que comemora a entrega da Torá no Sinai.
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Chalá em forma de chave. No Shabat seguinte a Pessaḥ, quando se anuncia o novo mês de Yiar, é costume em preparar uma chalá na forma de chave e polvilhar sementes de gergelim para lembrar que o maná começou a cair durante o mês de Yiar no deserto.
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Tratado Shavuot. Outro costume é estudar o tratado talmúdico Shavuot durante o período do ómer, por ter o mesmo nome que o do feriado de Shavuot (mesmo que o termo do tratado signifique votos e não semanas). O tratado também tem 49 páginas, que correspondem aos 49 dias do ómer.
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Shabat Kalá: O Shabat anterior a Shavuot, aliás o mesmo nome dado (em algumas tradições) ao Shabat antes do casamento de qualquer noiva. Há imagens de Shavuot que percebem o Sinai como o local do casamento entre Deus e Israel.
À medida que o ómer vai chegando ao fim, nossos passos nos levam cada vez mais para perto do Sinai. Tentamos nos preparar da melhor forma para estarmos diante do Monte e ouvirmos a palavra do Eterno.
Tradução e Edição:
Rabino Uri Lam
Fonte:
Michael Strassfeld, em The Jewish Holidays – A Guide and Commentary