Yom Hamishpachá – Dia da Família
5784 / 2024
30 de Shevat / 08 a 09 Fevereiro
Em Israel não tem Dia das Mães, Dia dos Pais ou Dia das Dia das Crianças. Desde o ano 2000, comemora-se o Dia da Família. A data, 30 de Shevat – que também é Rosh Chódesh Adar – foi escolhida por ser o yahrzeit (aniversário de falecimento) de Henrietta Szold, de abençoada memória.
Atualmente, neste dia o Movimento Reformista em Israel celebra a importância de se reconhecer os diferentes tipos de famílias. Já não se fala apenas da família “pai-mãe-filho/a(s)”. Todas as famílias são reconhecidas e celebradas, como por ex.: pai-filho/a(s), mãe-filho/a(s), pai-pai-filho/a(s), mãe-mãe-filho/a(s).
No Dia da Família o costume é que as crianças façam kartissê brachá, cartões de felicitações com desenhos para seus pais e mães, irmãos e irmãs, e demais membros da família. Muitas famílias passam o fim de semana em parques e praças.
Podemos instituir o mesmo costume por aqui no Brasil, a começar pela nossa Beth-El: passar o sábado ou domingo mais próximos em família, num parque ou numa praça – o que vocês acham?
Quem foi Henrietta Szold?
Henrietta, filha de rabino e com outras sete irmãs, nasceu no dia 21/12/1860. Ainda jovem, já lecionava Tanach (Bíblia Hebraica) e história judaica para adultos. De 1893 a 1916 foi a primeira editora da JPS, Jewish Publication Society. Em 1896, um mês antes de Theodor Herzl publicar “O Estado Judeu”, descreveu a sua própria visão de um Estado judeu na então Palestina.
Em 1902, Henrietta recebeu permissão para estudar no JTS, seminário rabínico do Movimento Conservador (então só para homens), desde que não reivindicasse receber a ordenação rabínica. se fosse hoje, certamente teria sido uma grande rabina.
Aos 49 anos, Henrietta se juntou a outras mulheres e fundou o Instituto Hadassah, em Jerusalém, para atender às necessidades de saúde de judeus e árabes. Nos anos 1930 envolveu o Hadassah no Programa Aliát Hanôar (Aliá da Juventude) para resgatar jovens judeus e judias da Alemanha e de toda a Europa. Estima-se que o programa salvou cerca de 22 mil crianças e jovens dos campos de concentração de Hitler.
Henrietta foi uma precursora dos valores judaicos liberais, hoje comuns nas comunidades reformistas e conservadoras. Em 1916, quando sua mãe morreu – e uma vez que Henrietta não tinha irmãos homens – um amigo se ofereceu para dizer o Kadish dos Enlutados para ela. Henrietta recusou e escreveu: “Eu acredito que a exclusão das mulheres de tais deveres nunca foi pretendida por nossa lei; o costume era que as mulheres fossem liberadas das mitzvot positivas quando não podiam realizá-las [por conta de responsabilidades familiares]...” Henrietta Szold já entendia que o cumprimento das mitzvot positivas – como dizer o Kadish, entre outras – era tão válida para as mulheres quanto para os homens.
No dia 13 de fevereiro de 1945, 30 de Shevat de 5705, aos 84 anos, Henrietta Szold faleceu no mesmo Hospital Hadassah que ajudou a construir em Jerusalém. Ela foi enterrada no cemitério judaico no Monte das Oliveiras, em Jerusalém.
Rabino Uri Lam