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Yom Kipur

5785 / 2024

10 de Tishrê  /  11 a 12 Outubro

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O Dia do Perdão, considerado por muitos o mais importante do calendário judaico, ocorre no dia 10 do mês de Tishrê. Em 2024 o feriado começa no entardecer de sexta-feira, 11 de outubro, e termina no início da noite de sábado, 12 de outubro.

Vale ressaltar que quase todas as datas judaicas são fixas levando-se em conta o calendário judaico, baseado nos ciclos do sol e da lua; mas variam de um ano para o outro no calendário civil, que é somente solar.

Yom Kipur nos convida a uma profunda introspecção. Cada indivíduo deve buscar dentro de si as suas transgressões ao longo do ano passado e fazer um caminho e sincero e prático em busca da teshuvá – arrependimento – e do perdão. São cerca de 25 horas de orações e leituras bíblicas, dedicadas à reflexão sobre ações individuais e coletivas, à reconciliação com seus semelhantes, com a sua consciência e com Deus.

O Jejum

Em Yom Kipur, judeus e judias cumprem um jejum de cerca de 25 horas, que começa um pouco antes e termina ao final do feriado. Crianças, mulheres grávidas e pessoas enfermas estão isentas de jejuar.

Na tradição judaica, o jejum de Yom Kipur inclui a abstinência de água e comida, mas não se restringe a isso. A tradição judaica liberal orienta as pessoas, na vida particular, a se absterem de relações sexuais e, no ambiente público, o uso de roupas simples, preferencialmente claras, que representam humildade, simplicidade e renovação. Deve-se evitar roupas festivas, perfumes, maquiagem e joias. De acordo com as visões mais tradicionais, não se deve tomar banho, usar perfumes ou cremes, escovar os dentes nem usar artefatos de couro neste dia. O objetivo das diversas facetas do jejum de Yom Kipur é renunciar às dimensões materiais e se concentrar nas dimensões espirituais da jornada de Yom Kipur.

Simbolicamente, há quem diga que ao jejuarmos nos colocamos no mesmo lugar dos anjos, cujas decisões sobre seus destinos está completamente nas mãos de Deus. Outras visões entendem que pelo ato de jejuar comunicamos a Deus que nossas vidas estão nas Suas mãos – Deus decidirá se continuaremos ou não a viver.

A noite que abre o Yom Kipur é conhecida como Kol Nidre (Todos os Votos), nome emprestado da sua primeira oração – na verdade, uma declaração legal. Diante do que se denomina na liturgia o Tribunal Celestial e o Tribunal Terreno, reconhecemos a responsabilidade das nossas promessas e a gravidade de não as cumprir. O Kol Nidre é uma fórmula jurídica especial cujo intuito é anular quaisquer promessas e votos feitos a Deus no ano anterior, permitindo que os indivíduos renovem suas vidas com um coração puro, alma leve e uma mente aberta.

Uma vez que não é possível mudar o que já passou, podemos refletir sobre os nossos erros no passado e, a partir deste até o próximo Yom Kipur, nos dedicarmos a ser pessoas melhores, mais éticas, justas e amorosas nas nossas relações com o próximo e com o mundo que habitamos. A partir dos atos de compaixão e justiça com o nosso semelhante, pelo pedido sincero de perdão ao nosso próximo e ao recebermos o perdão das pessoas a quem ferimos é que podemos receber, de fato, o perdão de Deus por nossas transgressões de ordem espiritual.

Os principais temas das orações do Yom Kipur são: o arrependimento, o perdão, a retidão e o compromisso de viver uma vida honesta e ética. Na maior parte das sinagogas liberais –as orações do Yom Kipur são recitadas em hebraico, mas costumam ser traduzidas literalmente ou por textos inspirativos no idioma local – no nosso caso, em português – para facilitar a compreensão e a participação ativa de todos os membros da comunidade. O livro de orações utilizado é o Machzor; no nosso caso, usamos o Machzor de Yom Kipur da Beth-El.

Como parte das reflexões em busca de arrependimento e perdão, Yom Kipur também nos oferece a oportunidade de nos aprofundarmos em questões como responsabilidade social, justiça e amor ao próximo. Nas prédicas (reflexões rabínicas) e nas leituras bíblicas ao longo do dia, da Torá e dos Livros dos Profetas, são abordadas questões de injustiça e desigualdade social. Para o ano que está começando, estimulam-se ações de tikun atzmí, tikun kehilatí e tikún olám – aperfeiçoamento pessoal e comunitário, bem como a reparação do mundo – por meio de ações voluntárias e concretas de ação social.

Atualmente, na Beth-El, dedicamo-nos a ações sociais em parceria com a Ong Revirar, que atende pessoas em condição de rua; e junto ao corpo de voluntárias do Hospital Israelita Albert Einstein, na arrecadação de brinquedos para crianças carentes.

Em resumo, Yom Kipur é um dia sagrado, com cerca de 25 horas de introspecção, reflexão, arrependimento sincero e busca de perdão; de renovação espiritual e de maior consciência da responsabilidade social, individual e comunitária. As práticas incluem jejum, orações, introspecção e reflexão, reconciliação interpessoal e justiça social.

Como nos cumprimentamos em Yom Kipur?

Neste dia entre judeus e judias ashkenazís é comum dizer “Gmar Chatimá Tová”, ou seja, que no final seja confirmada a sua inclusão no Livro da Vida.

Já os judeus e judias sefaradís costumam se cumprimentar, assim como em Rosh Hashaná, com a expressão “Tizkú Leshanim rabot uneimot”, “que vocês tenham muitos anos bons e agradáveis”.

Que a partir deste Yom Kipur e ao longo de toda a vida tenhamos o mérito de praticar ações meritórias de justiça social, compaixão e amor; que nossos atos sejam honestos e justos, repletos da consciência de que cabe a cada uma e a cada um de nós melhorar o mundo em que vivemos.

GMAR CHATIMÁ TOVÁ VETIZKÚ LESHANIM RABOT UNEIMOT, que vocês sejam confirmadas e confirmados no livro de um vida boa e significativa e que mereçam ter uma vida longa e agradável.

Rabino Uri Lam

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